Notas de rodapé são como uma moldura fina de um texto.
É como se elas traçassem uma linha em torno do texto que é, ao mesmo tempo, parte e desparte do texto.
Gosto de vê-las na própria página em que aparecem¹ e não ao final do texto, como um apêndice*.
Para mim, elas não deveriam ser relegadas à evitação máxima: "evite sempre que possível".
Aceitaria no máximo a recomendação: use com moderação. Até porque em excesso elas parecem perder a força.
Por vezes, acho que elas são inevitáveis. Seriam vitais?
Ele, o texto, pode viver sem. Já a vida da nota de rodapé depende do texto.
E a vida de quem escreve?
As notas de rodapé acionam em mim uma 'liberdade' de dizer algo mais que talvez o texto por ele mesmo não ousaria dizer.
As notas dizem algo que poderia não ser dito, mas quer ser dito.
As notas seriam os ditos malditos?
As notas querem viver na margem do texto.
Elas não querem ser engolidas, promovidas ou desperdiçadas.
As notas são canções.