domingo, dezembro 30, 2012

Equívocos

Vivo enganos que crio
Crio lama e soterro os pés
Os ventos me acariciam
Enquanto não ando
Venço soluços mas não a guerra
Grito
Entrego as armas
Quebro a armadura
Traio os dogmas
Não venço
Não perco
Mas me liberto.

Poesia de Juliane Cassini
Do livro: Fósforos, pólvoras e fogos de artifício, 2007.

segunda-feira, dezembro 17, 2012

segunda-feira, dezembro 10, 2012

A Pequena Morte

"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu voo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce."
(Eduardo Galeano - do livro Mulheres)

Marcelo Camelo - Acostumar

sábado, dezembro 01, 2012

O grito - Edvard Munch


"Algo em nós sempre quer gritar.
Alguém que amamos sabe e ouve."
(Ikkyu)

terça-feira, novembro 27, 2012

e no ato
falho

domingo, novembro 18, 2012

a escrita me toma
e é pelo avesso

sábado, novembro 17, 2012

A confissão da leoa

"Preferir não era um verbo feito para ela. Quem nunca aprendeu a querer como pode preferir?" (Mia Couto)

A sombra

sombria é
a luz de dentro
sem espaço
para ser fora

quinta-feira, novembro 15, 2012

a saudade me pega
e é pelo detalhe

quarta-feira, outubro 24, 2012

Que me continua - Arnaldo Antunes/Edgard Scandurra

A palavra amor

"Não se pode viver o êxtase sem morrer.
Separaram-se por um motivo fútil, quase inventado.
Não queriam morrer de paixão."
(Clarice Lispector)

por Viviane Mosé

Sozinha

A solidão é uma solução muito sozinha.
A solidão é uma solução sozinha.
A solidão não é uma solução
Só minha.
A solidão não é só minha.
A solidão não é sozinha.

(Viviane Mosé)



terça-feira, outubro 02, 2012

A noite/1

"Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta."

(Eduardo Galeano - Mulheres)

A noite/2

"Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo."

(Eduardo Galeano - Mulheres)

domingo, setembro 30, 2012

segunda-feira, setembro 24, 2012

Sujeitos ocultam


O Eu lírico

passou debaixo da roleta,


o cobrador nem percebeu.

(Milton Braga da Motta Júnior)

Da série Poemas no ônibus e no trem 2011 - Porto Alegre
Depois da tempestade,

vem o que mesmo?

...


Outra tempestade?

sábado, setembro 22, 2012

haikais II

"o tempo apressa
o aparecer da folha
já prestes a cair"

(Fernando Nicolazzi)

haikais

"minha solidão
espera tua volta
pendurada no portão"

(Ana Mello)

segunda-feira, setembro 17, 2012

Da série: Medos

“Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta. Nos perguntamos: “Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível”? Na verdade, quem é você para não ser tudo isso? Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoa
s não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. Quando nós nos libertarmos do nosso proprio medo,nossa presença automaticamente libertará os outros”. (Discurso de posse, em 1994) Nelson Mandela.


(citação retirada da página de Geórgia Welp no Facebook)

Lenine & Julieta Venegas - Miedo (Acústico MTV) (HD)



Miedo

Lenine

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da
El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor
Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá
Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar
Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor
El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar
Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão
Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá
Medo... que dá medo do medo que dá

domingo, setembro 16, 2012

segunda-feira, setembro 10, 2012

amor de um

posso querer muito
mas não posso
desejar por dois

quinta-feira, setembro 06, 2012

"Porque sabia que era possível, foi lá e não fez" 
(Marcus Quintaes)

domingo, setembro 02, 2012

"Belezas são coisas
acesas por dentro
Tristezas são belezas
apagadas pelo sofrimento."
(Gal Costa na voz de Jorge Mautner)

segunda-feira, agosto 27, 2012

tudo passa
até agosto
passa

domingo, agosto 26, 2012


"...E não se falava do depois, do por-vir! Era como se existisse um acordo tácito que decretava: vivamos o instante! Ele por si só já nos basta!
Ao mesmo tempo, havia uma espécie de intimidade que só se alcança numa dança..."
(Alice Grasiela, 2012)

terça-feira, agosto 21, 2012

Vira o disco


"Vira o tétrico disco e segue adiante.
E daí que a vida matou o amor,
que enegreceu o que era somente cor,
que envelheceu teu coração infante?

Segue adiante e vira o tétrico disco.
Há de ter outras cores numa esquina
próxima. A tristeza não quer ser sina tua.

E, se for, inventa um melhor risco.
O coração, se estás vivo, não morre
e, mais, pode ser outra vez criança.

Inventa com o que vier teu porre
de coisa boa. Dança a nova dança
e diz à tristeza que a vida corre
sem o disco ruim da desesperança."

Cezar Dias

http://poemasnoonibus.blogspot.com.br/2010/11/vira-o-disco-vira-o-tetrico-disco-e.html

quinta-feira, agosto 09, 2012

Clarice na cabeceira

Ler Clarice
é como se ela me pedisse:
"Leia-me e escreva-te."
E eu, sem pensar,
obedeço.

quarta-feira, agosto 08, 2012

a vida é mesmo muito dinâmica


quando menos se espera
flores nascem em seu jardim


terça-feira, agosto 07, 2012

Lenine - É o Que Me Interessa

Das vantagens de ser bobo

"É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo." (C.L.)

Poemas no Ônibus

Momentos

Apaixonada, entrou no ônibus e leu a placa:
"Fale ao motorista somente o indispensável"
Suspirou e então disse:
- Eu te amo!

(Poema de Milton Júnior)

quarta-feira, julho 25, 2012

"Eu nasci nesse corpo, mas me alegro quando esse corpo se torna um trampolim para eu experimentar o infinito. Quanto de infinito cabe em você?"
(Viviane Mosé)
"- Não existe terra, existem mares que estão vazios.
Dentro de mim, vão nascendo palavras líquidas, num idioma que desconheço e me vai inundando todo inteiro." 
(Mia Couto, 2009)
Do livro O fio das missangas
Do conto O peixe e o homem

sexta-feira, julho 20, 2012

E de tanto sangrar
coração que era de pedra
virou terra de amar

sexta-feira, julho 13, 2012

há mais possíveis

do que visíveis


caminhos

sexta-feira, julho 06, 2012

Helena(s)


"No decorrer da história de Helena, centenas de homens a desejam, mas sem que consigamos saber o que ela desejava, ou que tipo de mulher era na realidade. É como se ela fosse a água e todos os homens a vissem no reflexo das profundezas de suas próprias almas. Helena é um mistério, motivado pelos próprios desejos e sentimentos mais secretos. Poderia ser tomada como uma prostituta pois favoreceu a tantos homens, inclusive inimigos da própria pátria. E no entanto, temos a sensação de que por mais apaixonada que pudesse estar, Helena não fazia nada que realmente não tivesse vontade de fazer. Até colocar na cabeça do noivo a grinalda matrimonial, o que não era comum para uma jovem da sua época, pois as moças eram normalmente obrigadas a se casar com quem os pais ou irmãos mais velhos determinassem. Quando se cansou de Menelau, partiu em sua louca aventura com Páris, em vez de tentar encobrir o adultério. E quem quer que tenha amado, Helena entregou-se sempre de corpo e alma..."
(Sharman-Burke, Juliet - 1988)
Imagem disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/Helene_Paris_David.jpg 

sábado, junho 09, 2012

quinta-feira, maio 31, 2012

Notas sobre uma paixão


Notas de rodapé são como uma moldura fina de um texto.
É como se elas traçassem uma linha em torno do texto que é, ao mesmo tempo, parte e desparte do texto.
Gosto de vê-las na própria página em que aparecem¹ e não ao final do texto, como um apêndice*.
Para mim, elas não deveriam ser relegadas à evitação máxima: "evite sempre que possível".
Aceitaria no máximo a recomendação: use com moderação. Até porque em excesso elas parecem perder a força.
Por vezes, acho que elas são inevitáveis. Seriam vitais?
Ele, o texto, pode viver sem. Já a vida da nota de rodapé depende do texto.

E a vida de quem escreve? 

As notas de rodapé acionam em mim uma 'liberdade' de dizer algo mais que talvez o texto por ele mesmo não ousaria dizer.
As notas dizem algo que poderia não ser dito, mas quer ser dito.
As notas seriam os ditos malditos?
As notas querem viver na margem do texto.
Elas não querem ser engolidas, promovidas ou desperdiçadas.
As notas são canções.

domingo, maio 27, 2012

VADIAS?!

Para quem se importa com a luta feminista, mas não entendeu, não engoliu, ficou confuso/a, indeciso/a, chateado/a com o uso da palavra "VADIAS" na marcha das mulheres, neste maio de 2012, pode ser que este trecho da tese ajude a começar a pensar na questão:

"A mesma possibilidade de repetir normas e atos anteriores é que torna possível a subversão dessas normas e sua ressignificação, segundo Judith Butler (2007). Exemplo disso é a ressignificação de termos usados para ferir, injuriar, desqualificar mulheres, gays, negros/as, sujeitos desviantes. Se os signos são instáveis, reiteráveis e nunca finalmente determinados pelo contexto como sugere Derrida (1986), isso significa que é possível ressignificar palavras que foram feitas para ferir. No lugar de um palavrão que ofende e desqualifica o sujeito, o significado é torcido e recontextualizado. Obviamente não temos controle algum sobre o efeito dessas estratégias subversivas. (O Corpo Rifado, 2011)

A Tese

Agora a tese está disponível online, gente! 

'O Corpo Rifado' com direção de Guacira Lopes Louro.

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/49081/000827688.pdf?sequence=1

Das memórias empíricas

Há exatos 11 anos, estive entre a vida e morte, 
quem me 'acompanhava', naquele tempo, há de se lembrar.
Lembrei isso no momento exato em que dançava sozinha aqui em casa, embalada por uma música do Legião Urbana, num momento singular/intenso.
De braços abertos, o corpo solto, o pensamento voa:
"lá onde é possível viver, ou, mesmo, onde está, por excelência a Vida".*
"(...) o esquecimento como impossibilidade de retornoe a memória como necessidade de recomeçar."*


*DELEUZE, pensando a dobra.

terça-feira, maio 22, 2012

sábado, maio 19, 2012

esta fome
há de ter
outro nome

quinta-feira, maio 03, 2012

sexta-feira, abril 27, 2012

estações

O outono me faz 
mais canceriana
E o que direi
do inverno?

segunda-feira, abril 23, 2012

Ainda bem que
aquelas que fui
não sobreviveram
em mim.

sábado, abril 14, 2012

.
Edite-me
.
Você

tem

fome

de

quê?

sexta-feira, abril 13, 2012

Foucault de Deleuze

"Basta que o ódio esteja suficientemente vivo para que dele se possa tirar alguma coisa, uma grande alegria, não de ambivalência, não a alegria de odiar, mas a alegria de querer destruir aquilo que mutila a vida." (DELEUZE, 2005, p. 33)
PRESSA


presa


do 


TEMPO

quarta-feira, abril 11, 2012

Condição

"À soleira da porta
as despedidas
permanecem"
(Cíntia Perin - Poemas no ônibus)

domingo, abril 08, 2012

Observe bem




O Triunfo do Contemporâneo:
20 Anos do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul

Santander Cultural
7 a 22 de abril

Destaque para o vídeo de Armando Queiroz
EGO, 2008.

sábado, abril 07, 2012

Vida íntima

A vida íntima tem sido tão publicizada
de modo que, quando respondemos, de forma contundente,
[a uma pergunta sobre nossa vida pessoal]
"- Eu não quero falar sobre isso agora.";
as pessoas parecem estarrecidas.
Ainda mais quando essa resposta vem de alguém
que sempre cultivou o hábito-lema
"minha vida é um livro aberto"...

sexta-feira, abril 06, 2012

Bem temperada

Este é o novo blog de Guacira Lopes Louro:


http://btemperada.blogspot.com.br/


"Mais do que saciar a fome e a sede, quero uma refeição que esteja bem temperada com as coisas boas da vida." (LOURO)